Charge divulgada em nova edição
do Charlie Hebdo é desnecessária e de péssimo gosto. Jornal satírico francês
provocou a revolta de milhões de internautas em todo o mundo ao comparar menino
refugiado morto a estuprador
A revista francesa Charlie Hebdo, onde 12 pessoas
morreram durante um ataque à sua redação em represália por caricaturas do
profeta Maomé em janeiro do ano passado, semeou
mais polêmica esta semana com uma charge sobre a morte do pequeno Aylan
Kurdi e
a crise dos refugiados.
Laurent Sourisseau “Riss”,
caricaturista e diretor da publicação, aproveita o recente alerta pelos abusos
sexuais e roubos maciços registrados na noite de Ano Novo na Alemanha, entre
cujos supostos autores há solicitantes de asilo, para imaginar o hipotético
futuro da menino sírio caso sua viagem à Europa tivesse sido bem sucedida.
“No que teria se transformado o
pequeno Aylan se ele tivesse crescido? Apalpador de bundas na Alemanha”,
assinala o desenho, no qual se vê uma imagem do menino afogado em setembro do
ano passado nas praias da Turquia junto à de um par de jovens perseguindo
meninas.
As redes sociais se encheram esta
semana de críticas contra essa charge, nas quais vários internautas, franceses
e de outras nacionalidades, disseram não entender o sentido da ilustração e
acusaram a revista satírica de racismo.
As brincadeiras da revista sobre
Aylan já tinham causado em setembro do ano passado um outro escândalo, depois
que parodiou a imagem do menino, de três anos.
“A prova de que a Europa é cristã.
Os cristãos caminham sobre as águas e as crianças muçulmanas se afogam”, dizia
então o texto de uma charge também assinada por Riss, atual diretor da revista
após o assassinato de seu antecessor, Stépahne Charbonnier “Charb” no ataque
jihadista de um ano atrás.
Esta nova sátira, no entanto,
encontrou também defensores que mencionam o particular humor da publicação. “E
agora as pessoas descobrem que na Charlie Hebdo o humor pode ser negro e de mau
gosto”, ironizou um internauta, enquanto outros elogiaram sua forma de
denunciar “com força” o racismo contra os refugiados.
Em seu editorial do último dia 4
de janeiro, com o qual a revista lembrou o primeiro aniversário da tragédia,
Riss já havia comentado que “a morte sempre fez parte da publicação”, em
primeiro lugar porque estava ameaçada de fechar por razões econômicas.
Fonte: Pragmatismo
Político
0 comments:
Postar um comentário