Um estudo da engenheira
florestal e meteorologista Glaucia Gomes revela números nada animadores dos
focos de queimadas que assolam a Amazônia. Mesmo no período seco, podem ocorrer
pancadas de chuvas durante a tarde, o que acaba amenizando a situação de seca e
diminuindo as chances de focos de calor e por sua vez as queimadas.
No entanto, o ano de
2015 está sendo influenciado pelo fenômeno El Niño que afeta o regime
pluviométrico e gradiente de temperatura do ar em grande parte da região
amazônica e no Sul do País.
Imagens - arquivo O liberal |
No caso da Amazônia, o
fenômeno reduz chuvas e aumenta a temperatura do ar, sendo observados,
respectivamente, valores abaixo e acima do normal climatológico para essas
variáveis meteorológicas. “Essa é a problemática que o Pará está enfrentando.
Os meses de setembro, outubro e novembro de 2015, apresentaram quantidades de
focos de calor superiores ao mesmo período de 2014, mas menores que os valores
máximos da série histórica que compreende o período entre 1998 e 2015”, diz
Glaucia.
No cenário nacional, em
outubro deste ano houve um aumento mais expressivo no Pará, com um crescimento
de 20% em relação ao mesmo mês de 2014. A diferença para anos considerados
normais para a meteorologia/climatologia é que muitos desses focos de calor
podem estar ocorrendo naturalmente, sem a influência antropogênica, devido a
condições meteorológicas favoráveis que se denominam anomalias climáticas.
Portanto, neste período é recomendável evitar a utilização de fogo em
atividades rurais e urbanas, pois há um alto risco de incêndio devido às
condições edafoclimáticas.
O monitoramento de focos
de calor e queimadas pode ser acompanhado através do site Inpe/Cptec¹. Nos
dados pode-se verificar os totais de focos ativos por mês e anual para o
período de 1998 a 02-12-2015. Também é possível observar números máximos,
médios e mínimos por mês e também para todo o período.
Os três anos com maior
ocorrência de focos de calor foram 2002 (48.159), 2005 (45.230) e 2010
(41.066). O ano de 2015 até o dia 2 de dezembro apresenta 39.053, sendo que
pode superar o total máximo do mês ocorrido nesta série que é de 5.514 focos em
2013. Dessa forma, o total de focos ativos para 2015 pode ser igual ou até
superior ao ocorrido em 2005, ano que também ocorreu o El Niño.
Os meses de agosto e
setembro são os que apresentam maior número de focos de calor na série histórica.
Em 2015, o número de focos em novembro foi similar ao máximo registrado nesta
série, em torno de 10 mil focos. O que preocupa, segundo Glaucia, é que em
apenas dois dias correntes do mês de dezembro, o número já superou o mínimo
registro da série, que é de 684 focos. Portanto, até o dia 2 de dezembro, o
Pará já apresentou 728 focos ativos.
O prognóstico é de
risco de fogo para as próximas 4 semanas no Pará. A região oeste apresenta
risco crítico, com maior chance de ocorrência de fogo. “É necessário que
a população de toda a região fique em alerta até o final do mês de dezembro,
quando é provável que as condições meteorológicas comecem a mudar de acordo com
a climatologia da região, dependendo também do enfraquecimento do El Niño”,
reforçou Glaucia.
Por: O Liberal
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