O Ministério Público
Federal (MPF) enviou notificação à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
Sustentabilidade (Semas) do Pará em que recomenda a suspensão do licenciamento
do complexo hidrelétrico dos braços leste e oeste do rio Cupari, em Rurópolis,
no sudoeste do estado. Segundo o MPF o licenciamento não vem cumprindo a
legislação.
A notificação foi enviada
nesta segunda-feira (5), e também recomenda a suspensão da audiência pública
prevista para ser realizada em Rurópolis nesta próxima quarta-feira.
Assim que receber a
notificação a Semas terá 24 horas para apresentar resposta. Se a resposta não
for apresentada ou se for considerada insatisfatória pelo MPF, o caso pode ser
levado à Justiça.
Segundo o MPF,
comunidades impactadas não foram ouvidas, os estudos ambientais são precários,
órgãos públicos ficaram sem respostas a pedidos e informações, além de haver
decisão da Justiça Federal que alerta para a necessidade de que os estudos
ambientais relativos a projetos hidrelétricos na região levem em conta os
impactos conjuntos de todas as hidrelétricas.
Irregularidades –
Apesar de o projeto impactar comunidades tradicionais, não foi realizada
consulta prévia, livre e informada a essas famílias, critica a recomendação do
MPF.
As pequenas centrais
hidrelétricas previstas para o rio Cupari abrangem áreas onde, além de
comunidades tradicionais, existem projetos de desenvolvimento sustentável do
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e florestas
nacionais.
Segundo o MPF, os estudos
de impactos ambientais não apresentaram informações sobre os impactos sociais,
econômicos e ambientais que serão gerados às comunidades tradicionais, sequer
citadas nos levantamentos.
Especialistas do
Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) das áreas de economia e sociologia
avaliaram os estudos ambientais e confirmaram que os documentos não têm
informações suficientes para análise dos impactos dos empreendimentos.
O MPF alerta que os
estudos ambientais não analisaram os impactos gerados pelas hidrelétricas em
conjunto, e lembra que decisão da Justiça Federal de 2012 impediu a concessão
de licença para usinas hidrelétricas do complexo hidrelétrico do Tapajós sem
que houvesse a avaliação dos impactos cumulativos das várias usinas previstas
para o projeto, na sub-bacia dos rios Jamanxim e Tapajós – do qual o rio Cupari
é um dos afluentes –, assim com a oitiva dos povos indígenas afetados.
Sem respostas –
Quando questionada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), a Semas não prestou esclarecimentos sobre os impactos na área do
complexo e das linhas de transmissão de energia, registra a recomendação do
MPF.
O ICMBio ficou sem
respostas sobre se foi ou não feito estudo sobre a qualidade da água e sobre
como o empreendimento afetará as comunidades tradicionais da floresta nacional
(flona) do Tapajós, tendo em vista que os estudos ambientais apontam que são esperadas
“modificações nas características químicas decorrentes do barramento, tais como
o aumento na concentração de nutrientes em função da retenção e alterações no
transporte” e “modificações nas características físicas e químicas da água
[que] têm como consequência as alterações nos padrões de estrutura, composição
e diversidade das comunidades biológicas”.
Entre outros pontos,
também não houve resposta a questionamento sobre a existência de estudo
relativo à fauna aquática, especialmente sobre os peixes, assim como se o
empreendimento afetará os estoques pesqueiros disponíveis nas comunidades
ribeirinhas, tendo em vista que os estudos apresentados informam o seguinte:
“durante o enchimento dos reservatórios do complexo hidrelétrico Cupari Braço
Leste haverá redução temporária da vazão do rio Cupari a jusante dos
barramentos. Consequentemente, modificações das comunidades de peixes poderão
ocorrer em virtude das alterações do fluxo da água. Outro fator a ser avaliado
é a interferência das barragens nos processos migratórios de determinadas
espécies onde, provocando a interrupção do fluxo migratório dos peixes”.
Ministério Público Federal no Pará
Assessoria de Comunicação
(91) 3299-0148 / 3299-0212 / 98403-9943 / 98402-2708
prpa-ascom@mpf.mp.br
www.mpf.mp.br/pa
www.twitter.com/MPF_PA
www.facebook.com/MPFederal
www.youtube.com/canalmpf
Assessoria de Comunicação
(91) 3299-0148 / 3299-0212 / 98403-9943 / 98402-2708
prpa-ascom@mpf.mp.br
www.mpf.mp.br/pa
www.twitter.com/MPF_PA
www.facebook.com/MPFederal
www.youtube.com/canalmpf
0 comments:
Postar um comentário