Foto: (Assessoria comunicação/PF) |
Apos o Ministério Público Federal (MPF) abrir oficialmente na segunda-feira, 19 de novembro de 2012, investigação sobre o conflito entre policiais federais e índios mundurukus da aldeia Teles Pires, na divisa dos estados do Pará e Mato Grosso. No último dia 7, dois policiais e seis indígenas ficaram feridos e o índio Adenilson Kirixi Munduruku foi assassinado com três tiros, segundo representação assinada por 116 organizações e entidades da sociedade civil.
Fonte do vídeo: Blog Tapajós em Foco
Para o MPF, o resultado desastroso da operação Eldorado, que tinha o objetivo de combater garimpos ilegais, foi provocado por despreparo e precipitação dos seus organizadores. A operação foi executada pela Polícia Federal com apoio da Força Nacional de Segurança Pública, Fundação Nacional do Índio (Funai) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).
De acordo com as investigações, apesar de ter sido realizada reunião entre policiais e indígenas para buscar entendimento sobre como seria feita a destruição de balsas com dragas de garimpo, antes da concordância dos indígenas um grupo de agentes foi à aldeia para a destruição de uma das balsas ancoradas no rio Teles Pires.
Ao tomarem conhecimento que a operação policial iria ser feita, alguns indígenas tentaram retirar do interior da balsa a ser destruída bens que poderiam ser aproveitados pela comunidade, como geladeira, fogão e freezer.
Essa iniciativa ocasionou desentendimento entre os policiais e os indígenas, que acabaram sendo atacados a tiros, com bombas de gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral. Vários indígenas ficaram feridos – alguns com sequelas permanentes – e o índio Adenilson Kirixi Munduruku foi assassinado.
Violência também psicológica – Os indígenas relataram ao MPF que, após o ataque policial, os Munduruku que não foram conduzidos a delegacia, levados ao hospital ou que não fugiram para a mata, permaneceram na aldeia sob poder policial com restrição de acesso à comida e água por, pelo menos, sete horas seguidas.
Depois das agressões físicas sofridas, a comunidade teve suas casas invadidas pela equipe da operação, e, segundo os relatos indígenas, das casas foram retirados utensílios próprios para agricultura, caça e pesca.
Denúncias feitas ao MPF também apontam que os indígenas conduzidos a delegacia foram coagidos a direcionar os depoimentos para incriminar a liderança Munduruku que estava no local do conflito e eximir qualquer responsabilidade dos agentes federais.
“Além do sofrimento físico daqueles que suportaram diretamente as lesões corporais, a comunidade indígena Munduruku que vivenciou o episódio ainda mantém vivo os dias de terror na memória”, informa na ação proposta pelo Ministério Público Federal.
“Além dos parentes diretos dos indígenas afetados, toda a comunidade que presenciou a ação policial, que se deu através de incursão aérea e por terra, com a utilização de grande número de policias portando armas pesadas e com o disparo de armas de fogo, ainda narram o acontecimento de forma assustada e com tristeza a morte de seu parente”, registra a ação.
Caso tivesse havido o planejamento apurado e analítico que a situação de crise demandava, com a coleta das informações necessárias, inclusive com representantes dos indígenas, seus conselhos representativos, quanto ao número de pessoas na área, armamentos disponíveis, ânimos dos resistentes, extensão da área, o conflito não demandaria o uso de forças tão contundentes e desproporcionais, defende o MPF.
De acordo com a ação, o valor da indenização solicitada na Justiça deverá ser aplicado em políticas públicas educacionais e de saúde em benefício dos indígenas, sob a coordenação da Fundação Nacional do Índio, a partir de definições das próprias comunidades.
Fonte: MPF
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