27 de outubro de 2015

Suspeitos de morte em hospital têm característica de grupo de extermínio

O promotor Armando Brasil diz que não pode afirmar
que grupo que executou suspeito de homicídio é o
mesmo que promoveu chacina em Belém, mas vê
semelhanças na forma de operação
(Foto: Shirley Penaforte / Amazônia)
O promotor de justiça militar Armando Brasil, que estava fora do Pará, retornou a Belém na manhã desta terça-feira (27) para acompanhar a investigação sobre a execução de um homem que foi morto no hospital da Unimed, no bairro de Fátima, na noite de segunda-feira (26). A vítima era considera suspeita de ter envolvimento com a morte do policial militar Vitor Pedroso, morto durante uma tentativa de assalto no último domingo (25).

Segundo a polícia, era por volta de 21h quando oito homens encapuzados renderam os seguranças do hospital e subiram até o segundo andar, onde estava internado Jaime Nogueira. Os suspeitos entraram no quarto do paciente e o alvejaram com 13 tiros.
"A gente ainda não pode afirmar que as pessoas que realizaram esta execução estão ligadas a grupos de extermínio, tudo vai depender das investigações. O que eu posso dizer é que o modo de operar é muito parecido", disse o promotor Armando Brasil.
Jaime Nogueira foi executado dentro de um quarto
de hospital. (Foto: Reprodução/TV Liberal)
A ousadia dos assassinos também foi criticada pelo secretário de segurança do Pará, Jeannot Jansen. "É uma ousadia inaceitável. Mostra que essas pessoas perderam absolutamente o respeito pela autoridade", disse o secretário.

De acordo com o titular da Segup, a polícia ainda não tem pistas sobre a identidade dos assassinos. "Foi uma ação violenta, de oito ou nove pessoas armadas. Estavam com capacetes, portanto até o momento não foi identificado ninguém. Eles renderam o segurança do hospital, os policiais militares que estavam montando guarda e executaram a pessoa. Isto tem que ser tratado como crime hediondo, absurdo e inaceitável".
Possibilidade de vingança
De acordo com a advogada Luanna Tomaz, da Comissão de Direitos Humanos da OAB do Pará, é lamentável que o crime no hospital tenha ocorrido perto de outra data marcante: no dia 4 de novembro será completado 1 ano da chacina que resultou na morte de dez jovens, em cinco bairros da capital, entre a noite e a madrugada dos dias 4 e 5. De acordo com a polícia, todos os assassinatos tiveram características de execução, e foram cometidos logo após a morte do cabo da Polícia Militar Antônio Figueiredo, também executado a tiros no bairro do Guamá. 14 policiais foram indiciados por estes crimes.
"Nós estamos acompanhando a investigação desta execução. Para nós é um fato alarmante, principalmente levando-se em conta que há suspeita de envolvimento da polícia, e isto nos preocupa muito. Não podemos ter uma polícia que sirva para continuar uma lógica de violência, alimentar a cultura da violência. Por isso inclusive no dia 4 de novembro vamos realizar uma audiência pública na OAB para discutir propostas de modificação da polícia que têm sido apresentadas no congresso nacional", disse Tomaz.
De acordo com o secretário Jansen, porém, ainda é cedo para afirmar se a execução tem ligação com a morte do policial. "Não fizemos nenhuma ligação do homicídio com a morte do soldado. Vingança é uma linha de investigação que não podemos abandonar, muito pelo contrário: uma execução por bandos rivais é possível. Seria leviano nós tratarmos, neste momento, poucas horas depois do ocorrido, com qualquer linha de investigação", disse.

Do G1 PA
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